Carl Rogers com Michel Foucault (caminhos cruzados) tem o propósito de lançar a psicologia humanista brasileira no debate contemporâneo sobre as questões atuais dos processos de subjetivação. Ciente dos riscos que aguardam qualquer um que queira considerar a psicologia humanista de um modo geral tendo em vista, evidentemente, a pluralidade de autores que declaradamente participam dessa vertente teórica , tornou-se mais prudente considerar os escritos de um autor específico. Desse modo, neste livro, será discutida em particular a proposta de Carl Rogers. Pretendem-se fazer algumas considerações históricas sobre a proposta clínico-teórica desse autor no contexto das psicologias existentes no Brasil. A tese principal a ser apresentada é de que essa proposta clínica e teórica de psicologia está, desde o seu surgimento, comprometida tanto com esforços de moralização e normalização da conduta dos indivíduos, por meio do exercício de formas de subjetivação que aliam sujeição e disciplina, quanto com propostas e esforços que buscam a emancipação e a liberdade. Esses dois polos contraditórios caracterizam os indivíduos que vivem no mundo moderno e contemporâneo, entre os quais nos debatemos, tendendo ora para a sujeição, ora para a liberdade. As reflexões são desenvolvidas em torno da ideia das resistências que os sujeitos elaboram para fazer face aos processos de normalização e de disciplinarização. Em síntese, esta obra visa à realização de uma revisão do contexto histórico e cultural que possibilitou o surgimento da psicologia humanista e da concepção de homem que sustenta, particularmente, a proposta rogeriana. Acredita-se que é indispensável trabalhar essas questões antes de simplesmente abandonar ou mesmo de aprofundar-se em quaisquer outras discussões dentro dessa proposta de abordagem em psicologia.